"Você é estranho". Essa frase repetia-se como um mantra no decorrer de seu dia. Talvez pelas cicatrizes nas mãos. Não, não era isso. Pelo menos não só isso.

"Você é estranho", fala o fútil ao deparar-se com suas variações de humor. Não tem culpa de não dominar a arte de parafusar sorriso em seu rosto.

"Você é estranho", fala a jovem ao ouvir "legal", depois de ouví-la falando de amor. Certamente é estranho, hoje em dia, não suportar pseudo-sentimentalismo.

"Você é estranho", fala o jovem trabalhador que acorda, trabalha, torce pro corinthians e tem como objetivo máximo de sua vida comprar um carro para tornar-se mais atraente.

"Você é estranho", fala a garota com os hormônios em polvorosa ao obter de si respostas evasivas e desinteressadas. Afinal, para ela, o pênis é a estrela do sistema solar masculino.

"Você é estranho", apontam os inúmeros dedos anônimos invisíveis, porém já entrevados de tanto manter-se nessa posição.

Suas vozes ecoam em uníssono como se fossem regidas por alguma batuta invisível. Mas, pensando bem, talvez sejam. Afinal são todas produto da mesma matéria podre chamada raça humana.


"Você é estranho". Ecoa em sua cabeça até a hora em que vai dormir e, enfim, conclui:


"Droga, esqueci de agradecer."


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