Até os pássaros cantam mais baixo hoje. É segunda feira.

Acordar nesse dia, não raro é sinônimo de dores no corpo, efeito colateral de um fim de semana corrido.

Praguejar chega a ser ritualístico, levando em consideração que reinicia-se todo o ciclo que - "puta que pariu!" - mal acabou de terminar.

Se todos os dias fossem segunda-feira, todos os seus dentes já estariam careados, dado o afinco com o qual os escova, todos os seus amigos já teriam sido perdidos, acho que já teria se matado seja de raiva, ou de tédio.

Olha pras cicatrizes nas mãos e se sente um imbecil. Essa história de dor física para sanar as dores emocionais só funciona em teoria.

Reclama do calor e lembra que precisa urgentemente comprar um ventilador. Acende seu narguilé como toda criança-feliz-por-ganhar-brinquedo-novo faria e fica matando tempo até chegar a hora de ir trabalhar.

Olha a seu redor e percebe que ainda há bagunça da semana passada. Mas, "pelo amor de deus! Hoje é segunda feira.!", e continua fumando seu narguilé.

A preguiça é tanta que decide gastar o dobro com passagem pra passar dez minutos a mais em casa. Veste sua camisa, mochila nas costas e lá se vai pra mais um dia de trabalho.

Chega ao terminal para subir n'aquele mesmo ônibus que podia ter pego 10 minutos antes. Observa todas aquelas pessoas se esbarrando e afunilando-se dentro da estreita porta que mais parecem ovelhas sendo tangidas por uma matilha de cães raivosos e lembra que poderia já estar lá dentro, tranquilo e sentado lendo o livro que acabara de ganhar.

Segunda-Feira também é o dia mundial da fofoca. Todos têm um estoque infindável de assuntos fúteis para destilar por horas. "O Pedro bebeu até cair", "A Marina voltou de novo com o ex-namorado", "A Ana, mal terminou o namoro, já está com outro. Vi ontem na balada", "Beijei 6 no sábado". E no meio desse emaranhado de conversas paralelas, percebe que deveria ter recarregado as pilhas de seu mp3-player e que agora não conseguirá mais se concentrar pra ler. Por sorte o trajeto até o seu trabalho não é demorado. Em quinze minutos já está ele, cumprindo seu ritual de chegada que termina num copo cheio de café antes de iniciar sua jornada.

O resto é a mesma coisa de todos os outros dias da semana. Pelo menos até a hora que chega em casa, senta ao computador e, bem... vocês ja sabem...


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4 Pessoas praguejaram também:

  1. The_Tempter 9 de dezembro de 2008 às 12:33

    (As i promised.. there it is tertsi =) )



    Even the birds sing softer today. It's Morning.

    To wake up in that day is often synonim of body aches, collateral effect of a busy weekend.

    To blame it's ritualistical, considering it restarts all the circle that - "GOD FUCKIN DAMNIT!" - just had finished.

    If all the days were monday, all his teeth would have cavities, since it's not the day he brush it harder, all his friends would have been lost, I think he'd kill himself of anger or boredom.

    Look to the scars in his hands and feels like an imbecile. This thing of physical pain to ease emotional ones just works in theory.

    Blame the heat and remember he must buy a fan. Lights his hookah as any happy-children-who-just-got-a-new-toy would do and kills time 'till worktime.

    Looks arround and notice his home is tottally messed up. But, "For god's sake! It's Morning!", and keeps smooking his hookah.

    He's so lazy that decides to spend double the money with bus tickets just to stay ten more minutes at home. Wears his shirt, bag in his back and there he go to one more workday.

    Get's the terminal to jump on the same bus he could take ten minutes before. Looks at all that people pushing each other forward to the narrow door as it were sheeps being taken by a pack of rabid dogs, and remembers that he could be already inside, calm and sitted reading the book he just got.


    Monday also is the worldwide day of gossip. Everyone gets an infinite stock of futile topics to talk about for hours. "Pedro drinked too much", "Marina came back to his boyfriend", "Ana just split up and already is with another guy", "I kissed six guys on saturday". And among all these paralel conversations, he notices that he should recharge his mp3's bateries and now he cannot concentrate to read anymore. Luckily the way to work is short. 15 minutes and there he is, doing his ritual that ends up in a cup full of coffe before work.

    The rest is the same thing of all days. At least 'till when he gets back home, sit on his pc and, well...

    you already know...

     
  2. Melro, John 10 de dezembro de 2008 às 10:16

    passarinhos é coisa de viado ein...

     
  3. Anônimo 11 de dezembro de 2008 às 10:06

    "Olha pras cicatrizes nas mãos e se sente um imbecil. Essa história de dor física para sanar as dores emocionais só funciona em teoria".
    No momento, funciona...mas no dia seguinte...as dores dão o ar da graça novamente..
    É como se embebedar!

    bru

     
  4. Terhi 12 de dezembro de 2008 às 06:59

    Thanks! =) I hadn't properly time to read this until now (I don't know what I have been doing being so busy.. propably it is only all inside my head).

    But it was really nice to read about your life! I would like to come to visit you sometime.. I'm craving to get out of here, to some new country. But unfortunately I'm broke :--(