11:00 da manhã: Acorda ouvindo a mesma coisa que ouve sempre que esquece de deixar alguma música tocando pra não ser obrigado a ouvir isso pela milésima vez. É o gatilho do dia para a contagem regressiva.

Dentro de seu corpo há uma tensão que se fosse transparecida em algum seriado sensacionalista, faria do "24 horas" uma festa infantil.

Tenta cochilar mais um pouco mas percebe que já é tarde demais, já concentrou na musica. "Antes isso que musicas de caras de tanguinha de oncinha gritando 'hail and kill'", pensa ele. Isso um minuto antes de descobrir que é o que estava na sequencia da playlist.

Sorte ainda ter seus fones de ouvido.

Toma banho, vai trabalhar. Chega ao ponto de ônibus e percebe que ele passou mais cedo. Maratona rumo ao ponto alternativo. "Só o que me faltava, chegar atrasado". Não chega. Corre e consegue subir no lotação que já tinha, também, passado antes que o sinal vermelho abra.

Abre a mochila, retira seu mp3 player e começa a ouvir algo relaxante, até perceber em quinze minutos que deveria ter posto as pilhas para recarregar.

Chega ao trabalho e se depara com todos aqueles rostos sorridentes andando a passos de lesma pelo corredor estreito conversando sobre alguma coisa que provavelmente você não vai se interessar. No auge de sua impaciência, se espreme entre uma das pessoas e a parede e debanda para não atrasar seu login.

Dezenas de ligações para pessoas que deveriam aprender a ligar o computador antes de reclamar que ele não funciona o esperam.


-Estou sem internet. Essa bosta nunca funciona! Quero falar com seu supervisor!!
-Quais luzes do modem estão acesas?
-A de standby
-Por favor, pressione o botão em cima do equipamento;
-Funcionou! O que você fez?
-Eu, nada.. você quem retirou o modem de standby.

....

-Sr, por favor, verifique quais luzes do modem estão acesas.
-E como eu faço isso?
... pausa dramática
-O Sr deve olhar para o modem e verificar quais luzes estão acesas.

....

E não consegue entender como as pessoas podem ter tanta preguiça de pensar. De certa forma, não fosse a mediocridade alheia ele estaria desempregado. Mas creio que seria melhor conseguir outro emprego que existir tanta gente demente no mundo.

Aguarda ansioso sua pausa para o café e chegando lá percebe que provavelmente ele se sentou em uma área invisível a olho nu e isolada a vácuo, dado que as balconistas passam de um lado para o outro sem que sua existência seja notada.

-Boa tarde. Um café, por favor.
-Só tem sem açúcar - retruca a voz do outro lado

Como é ruim o café sem açúcar desse lugar! Mas, o que pode-se fazer? Precisa sustentar seu vício.

Volta apressado e bebendo o café no caminho pois a demora para ser atendido o impediu de tomar seu café calmamente como deveria.

Mais trabalho, mais pessoas que querem pôr a culpa em você por serem incapazes de manter seu computador suficiente funcional para acessar uma página na internet, mais gente andando como como se nunca precisassem chegar do outro lado, mais irritação e a crescente vontade de ter um par de UZI's e sair no dia seguinte no jornal local com a manchete:

"Jovem mata 50 e se mata em seguida em call center"

Enfim, a hora de voltar pra casa. Puxa seu livro, começa a ler. E percebe que algum idiota com vontade de conversar sentou do seu lado. Tenta demonstrar com respostas evasivas que não é bem em conversar que ele está interessado, mas é vão. Desiste do livro.

Chega em casa e percebe que hoje é o dia da semana em que não lhe vai ser permitido ficar em paz nem durante a noite.

Senta no computador, tenta não pensar em nada, mas não consegue se concentrar. "Se eu não mudar para um lugar maior onde possa ficar sozinho quando quiser, vou enlouquecer", pensa.

O vontade de gritar, xingar, fugir para algum lugar onde só exista ele e seus pensamentos pulsa dentro de si e acelera seus batimentos cardíacos e fazem os nervos das suas têmporas começarem a mexer causando uma sensação estranha.

E mais uma vez, quando a bomba está prestes a estourar, vem o sono. Ele reflete um pouco e mais uma vez corta o fio verde.


"Amanhã tem mais..."



...E vai dormir

Posted at às 03:53 on segunda-feira, 29 de dezembro de 2008 by | 2 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

A solidão deveria ser um dos direitos invioláveis do ser humano.

O refúgio em si mesmo muitas vezes é um remédio mais eficaz que muitos medicamentos e privar isso de alguém deveria ser severamente punido.

Ser forçado a conviver socialmente do momento em que acorda à hora em que vai dormir por muitas vezes tem lhe sido um martírio. E quando falamos em conviver socialmente, falamos em suportar sorrindo musicas que não quer ouvir; responder educadamente perguntas sobre as quais não quer falar. Quão torturante isso não pode ser?

Posted at às 03:42 on by | 0 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Os fones de ouvido

Telefone celular, avião, internet, globalização, redes sociais... Dia após dia as pessoas descobrem um artifício novo que as faz se aproximarem mais e mais.

Um par de fones de ouvido, um livro e um mp3 player: Não importa quanta gente haja ao seu redor. Ele está sozinho.

Posted at às 02:54 on quarta-feira, 17 de dezembro de 2008 by | 3 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Muito prazer, sou você amanhã. Só não me apresentei antes com medo de desmotivá-lo

Posted at às 13:52 on sexta-feira, 12 de dezembro de 2008 by | 0 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

"Você é estranho". Essa frase repetia-se como um mantra no decorrer de seu dia. Talvez pelas cicatrizes nas mãos. Não, não era isso. Pelo menos não só isso.

"Você é estranho", fala o fútil ao deparar-se com suas variações de humor. Não tem culpa de não dominar a arte de parafusar sorriso em seu rosto.

"Você é estranho", fala a jovem ao ouvir "legal", depois de ouví-la falando de amor. Certamente é estranho, hoje em dia, não suportar pseudo-sentimentalismo.

"Você é estranho", fala o jovem trabalhador que acorda, trabalha, torce pro corinthians e tem como objetivo máximo de sua vida comprar um carro para tornar-se mais atraente.

"Você é estranho", fala a garota com os hormônios em polvorosa ao obter de si respostas evasivas e desinteressadas. Afinal, para ela, o pênis é a estrela do sistema solar masculino.

"Você é estranho", apontam os inúmeros dedos anônimos invisíveis, porém já entrevados de tanto manter-se nessa posição.

Suas vozes ecoam em uníssono como se fossem regidas por alguma batuta invisível. Mas, pensando bem, talvez sejam. Afinal são todas produto da mesma matéria podre chamada raça humana.


"Você é estranho". Ecoa em sua cabeça até a hora em que vai dormir e, enfim, conclui:


"Droga, esqueci de agradecer."

Posted at às 13:00 on by | 0 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Até os pássaros cantam mais baixo hoje. É segunda feira.

Acordar nesse dia, não raro é sinônimo de dores no corpo, efeito colateral de um fim de semana corrido.

Praguejar chega a ser ritualístico, levando em consideração que reinicia-se todo o ciclo que - "puta que pariu!" - mal acabou de terminar.

Se todos os dias fossem segunda-feira, todos os seus dentes já estariam careados, dado o afinco com o qual os escova, todos os seus amigos já teriam sido perdidos, acho que já teria se matado seja de raiva, ou de tédio.

Olha pras cicatrizes nas mãos e se sente um imbecil. Essa história de dor física para sanar as dores emocionais só funciona em teoria.

Reclama do calor e lembra que precisa urgentemente comprar um ventilador. Acende seu narguilé como toda criança-feliz-por-ganhar-brinquedo-novo faria e fica matando tempo até chegar a hora de ir trabalhar.

Olha a seu redor e percebe que ainda há bagunça da semana passada. Mas, "pelo amor de deus! Hoje é segunda feira.!", e continua fumando seu narguilé.

A preguiça é tanta que decide gastar o dobro com passagem pra passar dez minutos a mais em casa. Veste sua camisa, mochila nas costas e lá se vai pra mais um dia de trabalho.

Chega ao terminal para subir n'aquele mesmo ônibus que podia ter pego 10 minutos antes. Observa todas aquelas pessoas se esbarrando e afunilando-se dentro da estreita porta que mais parecem ovelhas sendo tangidas por uma matilha de cães raivosos e lembra que poderia já estar lá dentro, tranquilo e sentado lendo o livro que acabara de ganhar.

Segunda-Feira também é o dia mundial da fofoca. Todos têm um estoque infindável de assuntos fúteis para destilar por horas. "O Pedro bebeu até cair", "A Marina voltou de novo com o ex-namorado", "A Ana, mal terminou o namoro, já está com outro. Vi ontem na balada", "Beijei 6 no sábado". E no meio desse emaranhado de conversas paralelas, percebe que deveria ter recarregado as pilhas de seu mp3-player e que agora não conseguirá mais se concentrar pra ler. Por sorte o trajeto até o seu trabalho não é demorado. Em quinze minutos já está ele, cumprindo seu ritual de chegada que termina num copo cheio de café antes de iniciar sua jornada.

O resto é a mesma coisa de todos os outros dias da semana. Pelo menos até a hora que chega em casa, senta ao computador e, bem... vocês ja sabem...

Posted at às 03:18 on terça-feira, 9 de dezembro de 2008 by | 4 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Porque nem tudo são espinhos (pt II)

Não estava de ressaca. Pelo menos para isso o consumo excessivo de álcool no decorrer de seu passado recente serviu. Basta um copo d'água e está novo em folha.

Em contrapartida seu humor não estava dos melhores. Ora queria ficar sozinho, ora queria companhia, ora queria ir, ora preferia ficar em casa, ora queria ter 2 sub-metralhadoras, matar 50 pessoas em um shopping center e atirar em sua própria cabeça com a última bala.

Era o dia em que, havia planejado "viajar" pra ver uma amiga distante com seu housemate e o outro provavel futuro integrante do power trio. E depois de muitas oscilações de humor, acabou indo.

Precisava, antes ir comprar algumas coisas que no fim das contas acabou não comprando e entre uma série de desencontros quase não consegue chegar a tempo. O mesmo pode se dizer do H., o 3º elemento da noitada, que só conseguiu ir junto porque o W. gritou pro motorista parar. Há tempos não saiam os três juntos...

Teriam chegado cedo, caso a carona soubesse o caminho e não tivesse errado 38 entradas antes de chegar ao ponto de encontro. Mas isso foi um empecilho que niguém notou dado o que estava por vir.

A chegada foi rápida e após uma parada rápida pra preparar o estômago pro que estava por vir, começou mais uma maratona etílica.

Depois de muitas cervejas e de um mutirão "cupídico", descobre que os seus amigos fazem parte de uma seita chamada satânica para a qual participar, faz-se necessário passar por um ritual macabro que consiste fundamentalmente em...





... tomar banho de cerveja.




Já é possível imaginar o que veio em seguida: Um monte de bêbados banhados em cerveja rindo feito hienas.

Nem prestou atenção na B. o incentivando a fazer a dança do acasalamento com algumas transeuntes. A única coisa que o importava era a companhia de seus amigos. Havia tempos que não ria tanto.


Por um momento até se sentiu feliz...




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Adendo:

Esqueceu de dizer que, junto a W., cantou "Solitude", durante a ida para Araras, já que o carro de B. não possue um mísero som.
Ainda, B. o ouvia dizer - quase que sussurrando -: "não quero morrer!" - em meio as rotatórias contornadas de forma brusca por ela, com seu humilde automóvel!

E, não foi só ele e seus amigos que se banharam em cerveja; a pessoa responsável pela segunraça do local também fez parte desse "ritual" - mesmo que não corroborando com tal idéia.


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Posted at às 12:06 on terça-feira, 2 de dezembro de 2008 by | 4 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Nota do autor

Por motivos de tempo, não foi possivel sintetizar tudo em um único post.

Mas depois relatarei sobre os banhos de cerveja, as risadas e o resto do que fez os dias que vêm a seguir aos do ultimo relato interessantes =)

Posted at às 14:13 on segunda-feira, 1 de dezembro de 2008 by | 0 Pessoas praguejaram também   | Filed under:

Porque nem tudo são espinhos (pt I)

"Acho que vou, sim", foi uma das primeiras coisas que pensou quando acordou na sexta-feira. A música não era bem um atrativo (muito pelo contrário, aliás), mas ele estava se devendo isso. Mudar um pouco de ares, ver pessoas diferentes, distrair um pouco a cabeça.

Importante frizar aqui uma de suas habilidades mais importantes quando se diz respeito a ir a lugares distantes - especialmente quando isso se dá sem veículo próprio - Ele possui um GPS embutido em seu código genético (herança de seu pai). O fato do ponto de ônibus pro lugar destino ter mudado sem que ele soubesse disso e ser 23:10 da noite não foram empecilho pra que ele chegasse no local na hora prevista.

Muitas cervejas, Alguns amigos, uma partida de bilhar.Quem se importa com a música?

Olha de lado e eis que encontra um amigo de sua cidade que nunca esperaria ver ali. A reação não podia ser outra que não de alegria. Afinal, além da noite ter se tornado muito mais divertida, ele não teve que chegar em casa 8 da manhã, como de costume. Mais cervejas, um flerte mal-sucedido (pra aprender a deixar de ser distraido), conversa boa e hamburger bem-passado. A noite estava completa.

Enfim, por mais pessimista que seja, uma coisa é certa. Ele sabe se divertir.

Posted at às 12:55 on by | 5 Pessoas praguejaram também   | Filed under: